sábado, 8 de março de 2008

Infidelidade

Depois de me receber na porta, ela me levou ao cômodo cuja brancura era quebrada apenas por uma poltrona escarlate. Antecipei-me a tirar a roupa da cintura para baixo, como é costume nessas ocasiões, e me pus na horizontal. Só tiraria a parte de cima quando fosse preciso. Não era uma questão de desejo, que fique claro, mas de necessidade.
Ela foi cuidadosa, é verdade, e atenciosa. Puxou papo, comentou do calor, ligou o ar condicionado. Mas, para ser sincera, nem lembro da sua cara. Em dado o momento, tirei a parte de cima. E foi aí que a coisa desandou. Querendo mostrar serviço, a moça se equivocou. Aprecio minúcia, mas desde que comedida.
Findo o que me levou até lá, espichei os olhos e achei minha roupa na poltrona onde a tinha deixado. Apressei-me em me recompor. O pagamento é lá na frente, ela disse, ao me ver sacar a carteira, e se desculpou pela demora. Primeira vez, justificou-se. E eu nem achei que demorou.
Não foi uma experiência ruim. Mas só volto lá quando a depiladora oficial estiver com a agenda cheia novamente.