terça-feira, 24 de novembro de 2009

Mudança de hábito

Tá quente. Muito quente.
A rosa amarela murchou devido ao calor. A violeta, idem.
O gadget do meu computador informa que está 24 graus agora no Rio de Janeiro, com chuva, mas a realidade me faz discordar. A sensação térmica dentro de casa é de uns 30. E NÃO está chovendo.
Por isso, aderi ao ventilador. Ele está lá mesmo, no teto, por que não liga-lo? É que eu nunca fui amiga de vento, é só ligar ventilador que meu nariz tranca. Porém, agora, isso passou. Bem interessante.
Outro hábito recém-adquirido é tomar água gelada. Nunca fui fã. Mas a água sai morna do filtro nesses dias (e noites) escaldantes. Do tipo que dá dor de barriga de tão quente. Então, agora tenho sempre uma pedrinha de gelo no copo de água. É um gelado diferente da água que sai da geladeira. Sei lá... um gelado mais refrescante e menos intenso.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O cheiro do aroma da essência

É possível que eu tenha pesadelos hoje ao me deitar. Visitei alguns apartamentos no final da tarde e encontrei pessoas e cenários medonhos. Mas o que mais me desgosta nos apartamentos que busco para alugar é o cheiro. Já começa na rua. Na zona sul do Rio tudo é velho, e o aroma de criolina, misturado ao calor úmido, chega em lufadas.
No Largo do Machado, assim que dona Zilda, a síndica, abriu a porta, senti um cheiro velho de umidade. Mas o apartamento é ajeitado, tem uma micro cozinha que, embora micro, comporta os eletrodomésticos. E tem uma sala grande, com taco brilhoso. E ainda tem uma pequena área. Embora, ao acender o lustre da sala, eu tenha tido uma péssima impressão e pensado que, à noite e sozinha, eu certamente sentiria medo do lustre. Um lustre pesado e antigo, de bronze, a me testemunhar. Mas ainda assim, estava valendo a pena. Porém, uns passos adiante, no quarto, encontro a origem do olor: manchas e tacos estufados no canto do cômodo. Impregnada pelo cheiro de coisa mau cuidada, olhei para dona Zilda, que me olhava por detrás de uma armação azul-marinho. Acho que não dá, eu disse, enquanto olhávamos para o teto: a mancha começava, bem discreta, no teto, e se imiscuía paredes abaixo.
Hoje foi um entra e sai de portas pantográficas. Aquelas portas de elevadores que parecem uma sanfona de metal. No Catete, cheguei a olhar um conjugado. A melhor coisa era a parte de fora. Dentro, além do pouco, pouquíssimo espaço, havia o buraco reservado para o ar-condicionado que é, literalmente, um buraco na parede. Em outro, fiquei estupefacta. Havia uma sala minúscula, uma sacada idem, um banheiro ibidem (com o chuveiro em cima do vaso) e uma coisa, no canto da sala, que era um arremedo de cozinha. Tudo velho e fedido. Notei uma saída para gás, onde, imagino, deve ser acoplado um mini fogão, e, o mais absurdo: uma cortina no-jen-ta, logo a frente, na tentativa de separar os ambientes. Se fiquei 25 segundos lá dentro, é muito.
A busca continua, companheiros.

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Amanhã não tem educação física, mó do apagão. Precisa economizar água.

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A culpa é da Madonna. "Jesus, apaga a luz", teria dito a diva.
Aliás, chamada de capa do Meia Hora ontem: "Ai, Jesus! Madonna conheceu a sogra."

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Memórias do coração

Adoro gaúchos. Como nunca fui para o Rio Grande do Sul, todos gaúchos que conheço estão fora de sua terra natal. Daí eu sempre ser testemunha de um apreço exagerado pelas coisas do sul, da camisa do Grêmio à cerveja Polar, da música gaudéria às expressões da terra.
Minha amiga gaúcha que mora em Curitiba é a mais recente no meu rol de gaúchos fora da "pátria". No carro dela toca Cidadão Quem, Wander Wildner, Cachorro Grande e umas músicas gaudérias que nunca ouvi na vida e mais algumas coisas da região sul, como Armandinho - que é gaúcho, mas mora em Santa Catarina.
Ok, Armandinho não é nenhum primor musical. O que conheço dele são as músicas que eu ouvia enquanto esperava a fila do Super Muffato andar em Londrina, e o DVD do Armandinho tocava ad infinitum no mostruário de TVs de LCD. É só. E nesse contato rápido no supermercado a impressão que tive não foi das melhores.
Mas fui surpreendida essa semana, ao andar de carro com a amiga gaúcha. Um refrão não me saía da cabeça. A música chama “Outra noite que se vai”, e deve ser bem conhecida. Mas como eu não conheço Armandinho, poderia pensar que era alguma coisa dos anos 90, talvez 80, que eu tinha registrado no HD mental.

Então me diz alguma coisa
Toca um Beatles na guitarra
Pra lembrar
daquele tempo
Pra sempre ou só por um momento
Me dá um beijo na boca
E depois me leva pra tua casa

Não toco guitarra. Mas tenho muitos “tempos” para recordar. A questão é onde guardar as memórias do coração, que às vezes até doem de tão saudosas?
Os gaúchos sabem. Não guardam. Vivenciam sua memórias no dia-a-dia, a cada jogo do Grêmio (ou Internacional, vai saber), a cada gole de chimarrão.
De certo modo, minha tranquilidade em saber que não vou pegar o sotaque carioca vem daí, do apreço às minhas raízes paulistas e um pouco paranaenses. Considero impossível que eu venha a falar araxxxtado. Nesse caso, até a frase “nunca diga nunca” me parece descabida. E considero impossível que eu deixe de sentir saudade de Londrina, minha casa, e das pessoas daqui. Ainda bem.
Cada rosto conhecido que encontro representa um alívio.