No ano seguinte os textos todos das aulas de Português estavam reunidos numa apostila de espiral e capa azuis. Tinha muito carinho por aquele calhamaço. No final do texto, vinha uma outra sugestão de leitura, era uma plaquinha escrito "Não deixe de ler", mas onde, devido à minha pressa habitual, que era mais visível na infância, eu lia "Não deixe ler". Lá no segundo semestre eu fui compreender, de fato, o que estava escrito.
Um dos textos me marcou tanto que, até hoje, eu sei de cabeça. Mas a atividade proposta pela professora não me agradou muito: era para musicar a poesia. Para minha sorte, foi daquelas tarefas que ninguém faz e até a professora acaba esquecendo. Segue a relíquia da infância.
As meninas
Arabela
abria a janela.Carolina
erguia a cortina.E Maria
olhava e sorria:
"Bom dia!"Arabela
foi sempre a mais bela.Carolina
a mais sábia menina.E Maria
Apenas sorria:
"Bom dia!"Pensaremos em cada menina
que vivia naquela janela;
uma que se chamava Arabela,
outra que se chamou Carolina.Mas a nossa profunda saudade
é Maria, Maria, Maria,
que dizia com voz de amizade:
"Bom dia!"Cecília Meireles (Ou Isto ou Aquilo)
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