segunda-feira, 11 de junho de 2007

A vida é treino

Minhas elocubrações infantis eram, em sua maioria, muito ricas.

Um dia eu perguntei para minha mãe como era depois da morte.

A resposta católica foi a da vida eterna, que se tivéssemos merecimento, iríamos para um lugar bem bom viver a eternidade. Mas só em espírito, claro.

A resposta fez todo o sentido, porque uma coisa, já naquela época, me era inconcebível: que a vida simplesmente acabasse.

Lembro-me de, aos três ou quatro anos, estar agachada no quintal de cerâmica da casa de SP, a mãe logo ao lado na área de serviço, ao alcance da voz. E pensar: "mas esse 'eu' que está pensando agora, agorinha, não é possível que ele pare de pensar um dia". Não conseguia conceber a não-existência. Depois da confirmação católico-maternal, me tranqüilizei: 'eu' continuaria a existir e a pensar, onde quer que fosse.

Essa certeza me acompanha desde então (ou desde sempre, não sei) e me faz acreditar com mais força na idéia de que a vida é treino. Um dia, se a gente treinar bem treinado e tiver merecimento, o 'eu' vai para um lugar tão inimaginavelmente danado de bom que não volta mais.

É, a vida é treino.

Um comentário:

Anônimo disse...

e que treino. às vezes parece até que cansa, mas só às vezes - porque em alguns momentos, o treino acaba em pizza, em riso, até em carrinho de trombada, acredita?!
(que post bonito)
bjo