(escrito em 15 de setembro)
Eu, que tanto apreço tenho pelas palavras, sinto que seu uso constante e acurado, por vezes, é desnecessário. Digo mais: deveria ser desestimulado. Quero a comunicação do sentido. Abaixo o código. Perigosas, as palavras vão ao centro da questão, desnudam e apontam o dedo para o nariz do sentido.
- É isso, é não outra coisa, o que você sente. Eu sou o que você sente! – dizem as palavras, inquiridoras e infalíveis.
Ah, tão infalíveis as palavras. No fundo, gosto delas.
Depois que um sentimento é agraciado com a função definidora da palavra, depois de enquadrado nos rigores do significado, não tem mais volta.
Mas nem sempre é de sentido que se carece. Quando a subjetividade já definiu a matéria de que é feito o sentimento, todas as palavras do mundo são poucas. O sentido é superior à palavra.
Procuro um estado em que a necessidade da palavra se esfacele. Em que elas voltem para o dicionário, junto com a prepotência do poder de ditar nomes.
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Minha rebeldia para com as palavras é novidade. Meu apreço, não sei se o qualifico de habitual ou anterior, está de folga.
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