segunda-feira, 14 de abril de 2008

Quem tem medo de montanha russa?

Nos agostos araraquarenses da minha adolescência, a Facira era parada obrigatória. Tinha a parte das máquinas agrícolas, o palco, os estandes de loja, os restaurantes, os boizinhos e vaquinhas. Lembro até que, em mil novecentos e êpa, retirei a versão atualizada do meu título de eleitor no estande da Justiça Eleitoral, depois que a sessão em que eu votava mudou de número. Facira também é cidadania, minha gente!
E tinha, invariavelmente, o parque de diversões.

[[Pausa para uma digressão.
Descobri que tinha medo de brinquedos de parque aos 13 anos quando, em visita ao Play Center com irmão e primos, senti pânico ao ir na montanha russa. "Super Jet" era o nome do monstro metálico. Lembro que segurei no braço do amigo bonito dos meus primos - ele tinha 17 anos e eu, portanto, não passava de uma fedelha - e, ao terminar o passeio, eu não sabia onde enfiar a cara. Amassei a manga da camiseta dele, de tanto que apertei. Ele, muito querido, não tirou sarro e nem contou para meus primos (o escárnio era certo). Hmmm... pelo menos não na minha frente. Fique muito, muito mal de ter sentido tanto medo.
Depois disso, fiquei com pavor desses brinquedos.
Fim da digressão.
De volta à Facira.]]

Lembro do Twist e do Amor Expresso, brinquedinhos inocentes. Tinha o temível Terminator, que rodava mais do que a Joelma do Calipso. Esse era o mais moderno: o cinto de segurança era automático; por isso, vivia dando chabú. Eu fui algumas vezes, sempre morrendo de medo, e fingindo cara de divertimento. Tinha um ainda mais apavorante, que era o Barco Viking - o cheiro de pneu queimado tomava conta na hora de parar o vai e vem. Nesse, fui uma vez e quase dei vexame. Eu não me conformava em ser medrosa e, um dia, me obriguei a ir no Kamikase. Surpreendentemente, não foi tão terrível.

Cresci. Não me recordo da última vez que fui à Facira e os brinquedos de parque, para minha alegria, ficaram no passado. Nada mais de ir só porque a turminha do Colégio Progresso estava indo. Liberdade, enfim.

Até que, no final do ano passado, a amiga Mana me revela que, assim como eu, tem medo de montanha russa. Decidimos, juntas, ir. Só para vencer o medo. Só para ver o que acontece. Tipo um desafio. "Se você for, eu vou".

Fomos no último domingo, debaixo do sol escaldante da 48º Exposição Agropecuária e Industrial de Londrina. Uns 25 minutos de fila depois, alguns risos nervosos, comparações com os brinquedos ao lado , chegou nossa vez. Ao travar o cinto... caramba! Veio aquela baita sensação ruim, uma nesga de pavor. Mas, aos 27 anos, a gente já descobriu que tem coisa bem mais difícil na vida.

Ambas só abrimos os olhos depois do looping, e descemos tremendo. Comemoramos o feito como quem passa no vestibular.

Um minuto e vinte e oito segundos de emoção.

2 comentários:

Anônimo disse...
Este comentário foi removido por um administrador do blog.
Anônimo disse...

Esta eu sou obrigada a comentar! Passar no vestibular é muito mais fácil; que eu me lembre consegui ficar com os olhos abertos na maior parte da prova. A montanha russa, no entanto... ela não nos vence mais. E tenho dito!

Ah, e valeu a escolha da foto pra ilustrar o post.