domingo, 17 de agosto de 2008

Cuidado: frágil

Quando termino de ler um livro tenho saudade dos personagens. Fiquei com Liesel Memimger, Rudy Steiner, Max Vanderburg e companhia um bom tempo na cabeça depois de “A menina que roubava livros” (Markus Zuzak). Recomendo fortemente.
Comecei “Piaf” (Pierre Duclos e Georges Martin) esta semana, e li a melhor descrição de Edith Piaf que posso imaginar. Isto é, comparando a descrição com o que assisti no filme.


“Observando, como todo mundo, que ‘ela não sabe executar muito bem as mímicas habituais dos cantores realistas’, acrescenta que ‘em compensação, ela inventa algumas que transpiram vida’. Naturalmente, a voz não podia ser deixada de lado, ‘uma voz que sai da alma’, mas também comovem seus olhos cor de chuva, ‘seus
grandes olhos com olheiras que engolem todo o seu rosto, seu sorriso encantador, seu perpétuo ar de tristeza, mesmo quando ri. E a tal ponto isso enternece que ‘se tem vontade de protegê-la, niná-la, acaricia-la, agrada-la e mima-la com coisas quentes e doces para remediar a maldade de uma existência que, até agora, jamais a poupou’”.


As aspas são atribuídas a um jornalista amigo dela, René Guetta, que a descreveu dessa forma antes de conhecê-la. Ele acrescentou, a respeito de quando Piaf canta: “Acho que somente nesse momento ela é feliz”. Tenho certeza que o ar de desamparo dela ajudou na aproximação deles.

O frágil enternece.

A vulnerabilidade de Edith Piaf me faz lembrar da minha própria.
O que me lembra uma música cantada pelo Ney Matogrosso. Poema é o nome. A composição é do Cazuza e do Frejat.

Poema

Eu hoje tive um pesadelo e levantei atento, a tempo
Eu acordei com medo e procurei no escuro
Alguém com seu carinho e lembrei de um tempo
Porque o passado me traz uma lembrança
Do tempo que eu era criança
E o medo era motivo de choro
Desculpa pra um abraço ou um consolo
Hoje eu acordei com medo mas não chorei
Nem reclamei abrigo
Do escuro eu via um infinito sem presente
Passado ou futuro
Senti um abraço forte, já não era medo
Era uma coisa sua que ficou em mim, que não tem fim
De repente a gente vê que perdeu
Ou está perdendo alguma coisa
Morna e ingênua
Que vai ficando no caminho
Que é escuro e frio mas também bonito
Porque é iluminado
Pela beleza do que aconteceu
Há minutos atrás

Um comentário:

Verena Ferreira disse...

A Liesel e o Rudy Steiner não me saem da cabeça também...