quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Memórias do coração

Adoro gaúchos. Como nunca fui para o Rio Grande do Sul, todos gaúchos que conheço estão fora de sua terra natal. Daí eu sempre ser testemunha de um apreço exagerado pelas coisas do sul, da camisa do Grêmio à cerveja Polar, da música gaudéria às expressões da terra.
Minha amiga gaúcha que mora em Curitiba é a mais recente no meu rol de gaúchos fora da "pátria". No carro dela toca Cidadão Quem, Wander Wildner, Cachorro Grande e umas músicas gaudérias que nunca ouvi na vida e mais algumas coisas da região sul, como Armandinho - que é gaúcho, mas mora em Santa Catarina.
Ok, Armandinho não é nenhum primor musical. O que conheço dele são as músicas que eu ouvia enquanto esperava a fila do Super Muffato andar em Londrina, e o DVD do Armandinho tocava ad infinitum no mostruário de TVs de LCD. É só. E nesse contato rápido no supermercado a impressão que tive não foi das melhores.
Mas fui surpreendida essa semana, ao andar de carro com a amiga gaúcha. Um refrão não me saía da cabeça. A música chama “Outra noite que se vai”, e deve ser bem conhecida. Mas como eu não conheço Armandinho, poderia pensar que era alguma coisa dos anos 90, talvez 80, que eu tinha registrado no HD mental.

Então me diz alguma coisa
Toca um Beatles na guitarra
Pra lembrar
daquele tempo
Pra sempre ou só por um momento
Me dá um beijo na boca
E depois me leva pra tua casa

Não toco guitarra. Mas tenho muitos “tempos” para recordar. A questão é onde guardar as memórias do coração, que às vezes até doem de tão saudosas?
Os gaúchos sabem. Não guardam. Vivenciam sua memórias no dia-a-dia, a cada jogo do Grêmio (ou Internacional, vai saber), a cada gole de chimarrão.
De certo modo, minha tranquilidade em saber que não vou pegar o sotaque carioca vem daí, do apreço às minhas raízes paulistas e um pouco paranaenses. Considero impossível que eu venha a falar araxxxtado. Nesse caso, até a frase “nunca diga nunca” me parece descabida. E considero impossível que eu deixe de sentir saudade de Londrina, minha casa, e das pessoas daqui. Ainda bem.
Cada rosto conhecido que encontro representa um alívio.

3 comentários:

Ila Fox disse...

Também acho que não vou aderir ao sotaque mineiro, são muitos anos puxando o Rrrrr para mudar assim, de repente.

Lica disse...

É bom te ler, Glow!

Glória G. disse...

Obrigada, Lica!