quarta-feira, 11 de novembro de 2009

O cheiro do aroma da essência

É possível que eu tenha pesadelos hoje ao me deitar. Visitei alguns apartamentos no final da tarde e encontrei pessoas e cenários medonhos. Mas o que mais me desgosta nos apartamentos que busco para alugar é o cheiro. Já começa na rua. Na zona sul do Rio tudo é velho, e o aroma de criolina, misturado ao calor úmido, chega em lufadas.
No Largo do Machado, assim que dona Zilda, a síndica, abriu a porta, senti um cheiro velho de umidade. Mas o apartamento é ajeitado, tem uma micro cozinha que, embora micro, comporta os eletrodomésticos. E tem uma sala grande, com taco brilhoso. E ainda tem uma pequena área. Embora, ao acender o lustre da sala, eu tenha tido uma péssima impressão e pensado que, à noite e sozinha, eu certamente sentiria medo do lustre. Um lustre pesado e antigo, de bronze, a me testemunhar. Mas ainda assim, estava valendo a pena. Porém, uns passos adiante, no quarto, encontro a origem do olor: manchas e tacos estufados no canto do cômodo. Impregnada pelo cheiro de coisa mau cuidada, olhei para dona Zilda, que me olhava por detrás de uma armação azul-marinho. Acho que não dá, eu disse, enquanto olhávamos para o teto: a mancha começava, bem discreta, no teto, e se imiscuía paredes abaixo.
Hoje foi um entra e sai de portas pantográficas. Aquelas portas de elevadores que parecem uma sanfona de metal. No Catete, cheguei a olhar um conjugado. A melhor coisa era a parte de fora. Dentro, além do pouco, pouquíssimo espaço, havia o buraco reservado para o ar-condicionado que é, literalmente, um buraco na parede. Em outro, fiquei estupefacta. Havia uma sala minúscula, uma sacada idem, um banheiro ibidem (com o chuveiro em cima do vaso) e uma coisa, no canto da sala, que era um arremedo de cozinha. Tudo velho e fedido. Notei uma saída para gás, onde, imagino, deve ser acoplado um mini fogão, e, o mais absurdo: uma cortina no-jen-ta, logo a frente, na tentativa de separar os ambientes. Se fiquei 25 segundos lá dentro, é muito.
A busca continua, companheiros.

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Amanhã não tem educação física, mó do apagão. Precisa economizar água.

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A culpa é da Madonna. "Jesus, apaga a luz", teria dito a diva.
Aliás, chamada de capa do Meia Hora ontem: "Ai, Jesus! Madonna conheceu a sogra."

Um comentário:

Ila Fox disse...

Vixi, acho que a pior parte de ver casa para alugar é aquele pega/entrega chaves em imobiliárias. Se está a pé então, pior.

Mas ó, as casas podem nos surpreender. Quando conheci aquela casinha que eu morava em Londrina, tive vontade de chorar no primeiro dia. A janela travada, o teto de forro, o cheiro de casa antiga.... logo eu que tinha saido de um apartamento novíssimo!

Com o tempo me acostumei, e ainda sentirei muita saudades daquela casinha.

Mas concordo com a dificuldade que é encontrar um lugar que tenha a ver com a gente...