Tenho idéias de posts que vem em momentos impróprios para a escrita. Na hora de dormir ou durante o banho, por exemplo. Mas esses ocorridos são mais raros do que outros pequenos acontecidos que, de tão diminutos, não ouso chamar de momentos. É quando, durante o trabalho, conversa no bar ou um filme no cinema surge um fragmento, uma idéia. Mais com cara de aparte, comentário, do que de texto encorpado.
É mais uma idéia sobre como dizer as coisas do que o que dizer.
Uma sugestão de forma. E visualizo como ficaria na página, os três asteriscos que separariam o texto principal de um adendozinho de três linhas.
A sugestão pode ser estimulada pelo olhar, uma sensação, uma frase ou comentário desses que não é com a gente, mas que a gente escuta e toma nota mental.
Quando isso acontece, sou feliz. Prometo a mim mesma que vou escrever e postar. E que será o início de uma profícua série no meu blog.
Mas, na grandissíssima maioria das ocorrências, essas pequenas epifanias fenecem. Letras mortas. Natimortas e inférteis.
Tudo isso, querido leitor, para dizer que lamento e sinto muitíssimo que este blog seja tão desatualizado. É realmente um desaforo.
E, para me justificar: já fui muito melhor com a escrita não jornalística. Houve um tempo em que trocava cartas com amigos de internet, depois passei a trocar cartas com os amigos de Araraquara e, ultimamente, e-mails longuíssimos com amigos queridos. Mas os e-mails rarearam, eu sei, e o mesmo mal acometeu este blog.
Acho que ainda tem jeito.
***
Pequenas Epifanias é o nome de um ótimo livro de crônicas que li nove anos atrás, do Caio Fernando Abreu. Jornalista gaúcho que trabalhava no Estadão, homossexual assumido e que morreu de Aids em 1996. Altamente recomendável.