quarta-feira, 17 de dezembro de 2008

Como areia entre os dedos

Tenho idéias de posts que vem em momentos impróprios para a escrita. Na hora de dormir ou durante o banho, por exemplo. Mas esses ocorridos são mais raros do que outros pequenos acontecidos que, de tão diminutos, não ouso chamar de momentos. É quando, durante o trabalho, conversa no bar ou um filme no cinema surge um fragmento, uma idéia. Mais com cara de aparte, comentário, do que de texto encorpado.
É mais uma idéia sobre como dizer as coisas do que o que dizer.
Uma sugestão de forma. E visualizo como ficaria na página, os três asteriscos que separariam o texto principal de um adendozinho de três linhas.
A sugestão pode ser estimulada pelo olhar, uma sensação, uma frase ou comentário desses que não é com a gente, mas que a gente escuta e toma nota mental.
Quando isso acontece, sou feliz. Prometo a mim mesma que vou escrever e postar. E que será o início de uma profícua série no meu blog.
Mas, na grandissíssima maioria das ocorrências, essas pequenas epifanias fenecem. Letras mortas. Natimortas e inférteis.
Tudo isso, querido leitor, para dizer que lamento e sinto muitíssimo que este blog seja tão desatualizado. É realmente um desaforo.
E, para me justificar: já fui muito melhor com a escrita não jornalística. Houve um tempo em que trocava cartas com amigos de internet, depois passei a trocar cartas com os amigos de Araraquara e, ultimamente, e-mails longuíssimos com amigos queridos. Mas os e-mails rarearam, eu sei, e o mesmo mal acometeu este blog.

Acho que ainda tem jeito.

***
Pequenas Epifanias é o nome de um ótimo livro de crônicas que li nove anos atrás, do Caio Fernando Abreu. Jornalista gaúcho que trabalhava no Estadão, homossexual assumido e que morreu de Aids em 1996. Altamente recomendável.

4 comentários:

Anônimo disse...

essas ideias que somem acho que acometem todo o bom blogueiro que se preze.

Glória G. disse...

ufa, Bergamota, assim me tranquilizo.
=)

Wilson Gasino disse...

Hemingway tinha aquela estória do touro branco, que era a folha de papel vazia parada na frente dele. Bufando. Em tempos de internet, essas suas idéias voláteis estariam um pouco mais para pirilampos fugidios. Danadinhos eles, hein?

Glória G. disse...

que bom você ter passado por aqui!

estou fazendo uma rede de puçá para os pirilampos, eles que não se cuidem!